quarta-feira, 25 de junho de 2008

Ode às Bruxas

Aqui estou
nua e crua em carne
Aqui estou, beija-me
Beija-me com o asco dos teus olhos revelados
a uma figura fúnebre do teu amor
Me toca
Vem
Absorve esse horror imanente das minhas rugas...
me absorve, te entorpe na dança da decadência
O quê? Não te moves?
Acaso não fui ontem teu mundo?
Ontem quando usava rosto de porcelana
sapatinhos do rei Luis
minhas cores
meus paetês
fizeste de mim teu santuário...
que naufrago!
Miraste a miragem
E eu dentre todas a mais corroída...
maçã cheia de vermes e verniz
Eu fui teu naufrágio, raso doutor...
Não te moves? Morto!
Cadáver que sempre foste tem nojo de tua noiva viva
Vem, te eleva inane corpo
Te encanta nesta fabulosa ode às bruxas...
E pela janela assistirão o arder de nossas roupas jogadas ao fogo
Que em cinzas se purificarão dos pecados da inquisição
Libertas...