sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Nota sobre cinema

a luz passa pelo papel, a aquarela pregada na parede reflete, viva, tudo irradia... infinito... parede... sombra... e esse costume de fazer cenas, monsieur, aquarelas vivas... como dizer que nunca foram, que não acontecem, que é sombra o que irradia... dane-se a caverna e todos os meninos com lanternas desveladoras e seu drama de incompreensão, dane-se os elefantes e cavalos e toda essa porcaria verdadeira, faço verdades a meu prazer... tudo, tudo que fomos nós, cherí, tudo que fui sozinho em aquarelas na parede, vivas, irradiantes... não importa, não importa que tu não vê... meu sangue que me pede olhos compreensivos e sensações completas, meu sangue e seu egoismo infiltrado cheio de veias, sua liberdade relativa e seus mandares silenciosos, imperceptíveis... que corra... que corra... a besta é só corpo e força, é a natureza pura sem aberrações de deus... escravo que se deixa dominar... que finje se deixar dominar... que educa os filhos que virão a ser deus e a subjuga-la... e tudo é bestial, talvez seja não vejo mais nada... a meu prazer... a meu prazer... que corra, beber o sangue, comer o corpo e velar o espírito... tudo se acalma com um pouco de diesel e gasolina, um fósforo, um cigarro e combustões...