quinta-feira, 28 de outubro de 2010

e tu te ergueu como a dama de copas naquele dia enevoado
e havia um lago dentro de ti
enquanto pequenos vales se talhavam naquele dia enevoado
e tu derretendo pelo mundo verteu rios
pequenos capilares ainda sem vitórias régias
e o pedaço esvaziado
de lago que se verte embora

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

os botões se movem como pequenos besouros...
a chuva piano o ar...
evaporam pequenas comoções que já esqueci o rosto...
a chuva escala em pequenos apertos no meu peito...
retorna um vento frio...
como meu sangue fosse alvo... fosse neve...
como me confortasse um ar de casa...
que em criança me tremia...
e agora me aquece...

domingo, 10 de outubro de 2010

dos postes onde nada habita

vou pintar minhas paredes de azul
trazer uma noite azul esfumaçada ao meu quarto
manchar os dedos a cara impregnar de pingos
e então secar... e então pó a se dissolver no tempo
não pode me pintar não pode me por cores
minhas paredes ruínas onde ninguém habita onde não habito
minhas paredes o fantasma ucraniano onde não vagueio...
onde te encontra fauno? onde te pusesse de mim?
a erva começa a cheirar no campo? não sinto
que é esta estação?
vou pintar de azul, esfumaçado, onde habita ouriço
para que ele habite, para que habite novamente
e que venha o fauno e comece a cheirar à erva
vivo entre as ruínas escorrendo entre as ruínas
onde deus se faz aos infelizes os seus enganos
e ergue os muros de seus desejos e as necessidades de clausura
e sufocam clausura
paredes de azul... esfumaçado como não fosse novo como fosse desabado, mas não vai ser...
quero me esgueirar na ferrugem nos tijolos cobertos de lodo na erva que começa a cheirar
com a alegria de sentir o ser
com a alegria de voltar
com o ar que invade e arde doce
stalker