segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Navegar...

porque o mundo é realmente pequeno... porque os campos não se apreendem em fotos... porque as nuvens tem realmente forma... porque o deserto é lindo... e todas as cidades são iguais... porque o homem é visivel... e o dinheiro é visivel... e o saber é visivel... e suas relações emergem palpaveis sobre toda a natureza... por tudo isso me lembro dostoi e suas estepes... vivo algo maior que eu... em um clichê não-mediocre... e as saudades, as saudades são da vida e daquilo e daqueles que são viver... saudades são desse algo maior... e aceitar ser "maior", aceitar ser um deus, aceitar viver ou qualquer coisa que se diga não é desses burgueses metidos, desses nobres arianos ou todos esses imbecis que se engendram em labirintos burocráticos que não se dizem nada... ser maior é não ser apenas si, é ser a vida, toda a vida, todo o vivo, todo o infinito da comoção nas estepes, do lorca, do ramil, do cordel, não como detentor dela, não como aquele que a estraçalha e aprisiona e manipula, mas como um pequeno que a absorve e transborda epileptico... expandir é transbordar...
esse tempo comecei a entender o pessoa... que se lê por aí, tão mítico e banal, que acaba por não significar nada ou aberrações...

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

pregos brotam como flores... brotaram, algum dia, não hoje... meu estar de passagem... meu unico estar... cheguei a noite, vou pela manhã... algum dia, não hoje... meu unico, não há voltar ou ir... apenas cheguei a noite, saio pela manhã... hoje, algum dia, vão saber que alguem veio... não há nada além, não há solo ou lugar... a realidade é infima... flores brotarão como pregos... brotam, algum dia...

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

devaneio de tempo

não digo...
faria apenas por me divertir, por viver alegrias...
e me mataria do mesmo jeito depois...
e me consumiria igualmente...
faço parte dessa tristeza doce de morte de amor nas estepes infinitas...
e deliro casos bobos de sofrimento...
e me perco em delirios e devaneios, rodopio, valso...
como é prazeroso correr pelos telhados como o chat noir...
abro minhas gavetas, numa delas por vir...
e mexo uma ou duas coisas soltas...
me encho de poeira e fico cinza...
engraçado esse vir, e todo futuro, não é como fosse, sim tivesse sido, só espera de acontecer...

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Nota sobre cinema

a luz passa pelo papel, a aquarela pregada na parede reflete, viva, tudo irradia... infinito... parede... sombra... e esse costume de fazer cenas, monsieur, aquarelas vivas... como dizer que nunca foram, que não acontecem, que é sombra o que irradia... dane-se a caverna e todos os meninos com lanternas desveladoras e seu drama de incompreensão, dane-se os elefantes e cavalos e toda essa porcaria verdadeira, faço verdades a meu prazer... tudo, tudo que fomos nós, cherí, tudo que fui sozinho em aquarelas na parede, vivas, irradiantes... não importa, não importa que tu não vê... meu sangue que me pede olhos compreensivos e sensações completas, meu sangue e seu egoismo infiltrado cheio de veias, sua liberdade relativa e seus mandares silenciosos, imperceptíveis... que corra... que corra... a besta é só corpo e força, é a natureza pura sem aberrações de deus... escravo que se deixa dominar... que finje se deixar dominar... que educa os filhos que virão a ser deus e a subjuga-la... e tudo é bestial, talvez seja não vejo mais nada... a meu prazer... a meu prazer... que corra, beber o sangue, comer o corpo e velar o espírito... tudo se acalma com um pouco de diesel e gasolina, um fósforo, um cigarro e combustões...

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Caixa de remédios... perto fim de ano de 2009

o que fiz foi me esconder... pior, me curvar... me curvar aos carros e aos prédios e ao comodismo judeu resignado a suportar bravamente o martírio... me curvei à minha mediocridade e à anestesia... me esquivar da dor, dos labirintos da impraticabilidade, do conflito insustentável e da “incapacidade” de sobrepujá-lo...... imóvel, enquanto os cravos arrancam a pele, esperando o torpor inundar o perceber da dor... então se torna menor que se debater... se debater e sentir sem se esquivar... não deixar de ser... poderia cuspir, não, nunca poderia cuspir... imbecis, não sabem o que fazem... não há como ter ódio... podia ser louco, fugi do peso de ser louco... no inicio de tudo, me esquivei do conflito... fui judeu... e eles, imbecis, só não sabem o que fazem... eu, como eles, não tenho piedade e cuspo... e que se fodam todos... que morram de sede... que entre em guerra comigo mesmo todos os eles de mim... hoje lampejo, me debato... logo vai acabar...

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Conversa de gatos metidos...

...
http://www.youtube.com/watch?v=h4AA6EuZe-k
*.*

simpatizei dele
http://www.pistissophiah.org/resumo.htm
olha isso
deos!!!
que achado!!!
sabe quando vc pega aquele monte de restos de coisas ou meias-coisas na geladeira, chama seus amigos, pede pra alguem levar um baseado e um pacote de macarrão, então cozinha tudo (sem carne, pq alguns de seus amigos são algo entre hare-krishnah e vegans)
então.. é esse site
rs

hahahahahhaha

c já viu uma sociedade fechada de estudos ocultistas com link de "join"?
rs
me lembra tanto o kardecismo


hahahahahahahhahahaa

(ah... claro... o link de join eh pra depositar 65 pila no curso de iniciação á macarronada)

hahahahahhaahhaha
poizé, tem um cara vendendo livros hare krishnah lá na federal
como se vendesse uma espécie de ponte pra salvação
me espanto com isso
onde estão os protestantes orientais?

queimando, espero...
os daqui já são suficientes..

rs

se bem que lá eles tem coisas muito mais divertidas
tantra
bolinhas
filipinas

hahahhahahahaha

pena que o moralismo vigorou como forma de controle social no mundo todo
eu particularmente tenho bastante curiosidade sobre o mundo de eva e etc...
esses montes de jesus...
desde abraão até o próprio...
são todos uns imbecis...
burros...
rrr...
não é a toa que aquário vem uma criança tão retardada...
pena que eu vou ser um velho quando ela entrar na fase de perversidade e paganismo
a fase de lamber tudo já passou também...
nos 18's 19's

hum

imagina só se todos fossem pagãos...
que perigo que é um pagão...
não temeroso a nada...
em vez de gozar se flagelando por culpa
gozar sendo flagelado por pura soberba
melhor gentes se ajoelhando no milho do que levando cacetadas...

hum, cê acha?

claro que sim...
estado macro mais paganismo não cola

não existiriam moças recatadas

não é só isso...
o moralismo, ele te diz que vc ta errado logo de cara...
só por nascer
ou por crescer...
se vc ta errado não tem direito de falar...
só de se sentir culpado
e tentar fazer algo pra pagar por isso
no caso, sendo correto e moral
pra que esse pecado seja esquecido...
pq o estado é moral
a lei é moral
pessoas sem racatamentos... elas tem poder demais pra um estado macro...
elas tem vontades
e agem segundo vontades...
isso é uma perturbação
agir pela necessidade, pelo medo... é absolutamente controlável...
agir pela vontade, pelo fogo, não...
o que acontece é que inventaram o falso paganismo...
que tem a vontade como "objetivo"...
então as pessoas continuam não agindo pela vontade... mas agem para ela... e esse para substitue o pela...
o falso paganismo é uma caracteristica que o neoliberalismo usa
ainda em transição

:D:D:D
ai, bom ler isso
inda mais ao som de fela
quase saio dançando

rs
pq bom?

ah, não sei
o falso paganismo é uma caracteristica que o neoliberalismo usa
é, simples
muita gente não consegue ver

modesto?
rs

é, comparado a alguns, és bem modesto ainda
talvez tenha uma prepotência potencial apenas

haha
me fale isso de novo quando eu for o novo sartre ;)
rsrs
...

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

evaporo... evaporo... e os metais que consumi, os sais o chão... todo ele pesa e me prende... passo aos poucos pelas frestas solidas e evaporo... mas a chama, não sei dela seu tempo... e quanto sal, quanto ferro vermelho e preto... borbulho.... sinto vontade de me macular frestas e evaporar...
e que vai ser? que vai ser mais que vai fazer como um imbecil a se esvair de tudo e tudo o que importa? a onde vai o teu ridículo? se esvai, se esvai... e pensa que o é preciso... que não se aguenta mais... não és, criança podre... não és o que podia e o que costumava ser... se te limita a tua sextilha de sono calmo e justo e bestificado... e acha que amanhã por acaso fica mais fácil... e acha que é recuperável... ingênuo que é! imbecil! e vai ler teu porre (e quando, quando vai? se vai...) e vai ficar parado... no máximo te mortificar um pouco... com o retardo de um monge que não entende que o flagelo não torna ele mais perto de deus que do seu estômago...
hoje meu monitor amanheceu pra mim... que outras tonalidades posso esperar? (uma manhã de luz agradável... é isso... pode ser que eu tenha voltado a mim... desculpe a demora, si? e não fique triste se não tiver voltado completamente... amanhecer de noite...)

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

hoje te quero mais que nunca... mais que sempre... hoje... que fique marcado... esse hoje passado e futuro e prensente... presente esfacelado em mil locais... esfacelado num ser... um ser teu... eu feito em poeira... com teu toque doce e leve... grudo como polén na tua pele... hoje mais que nunca.... mais que sempre... hoje... presente...

Icaro II

vislumbrei em um momento meu fim...

tal qual lampejo de sol olhei e perpassei a luz, e ali o sol, disco luminoso cercado de sombra... e lá eu, febril, transbordo no alto do céu irradiando fogo e chama, meu presente, o mais puro, (me escuta cassandra?), despejado no trinco da porta na escada no desprezo por todos os mortos na carruagem no incenso, (não... incenso de poeira molhada, chá, bebo e me banho suspenso)...

lá, eu febril, levantei, no alto do céu, a luz em tempestade em sopros navalha, perpasso, o sol como a lua cheia, luminoso cercado de sombra, eu, no alto do céu, transbordando chama enternecida derreti e chovi, meu presente, o mais puro, despejado doce no chão, no alto do céu, (e todo o amor, todo o amor que eu te tive), de olhos fechados, mergulhando em mim ao meu principio, (à o ser suspenso e só)

enternecido, com as gotas pesadas e quentes de chuva, (que me beijavam a boca e os olhos e o corpo todo, que tu me beijava), fui tomado por uma doçura triste, me fiz azul, todo azul, azul triste e longe e terno e doce, com toda a liberdade que me invadiu e explodiu em mim, e me explodiu em mim, ascendi, livre espontâneo sincero e presente, absolutamente presente, ascendi, ascendi em queda livre, ascendi ao chão...

...

minha memória que ecoa, meu presente que ecoa, eu ecôo... em liberdade espontânea sincera presente... ecôo, escuta meu som e ecoa, ressonemos, sono, sonho, memória...

sábado, 15 de agosto de 2009

Morfina

dormência...

talvez o sangue queira parar e parar também a dor de cabeça irritante... crio uma esquizofrenia desse lugar, crio o lugar... a dor irradia do lugar e o passa... crio o lugar... praxilico, repito, repito, retorno e repito, alucinações manipuladas... a mesma areia, o mesmo cenário, escavo e torno seu desconforto evidente...

dormência...

da coagulação do sangue, do desconforto evidente em febre... crio estampas, vejo estampas, alucino capilaridades nanquim, um embrião, um tumor... a mesma areia, repito, vivo estampas, esquizofrenias, os olhos caleidoscópios... sou o que vejo, monsieur, sou o que posso ser, doentio infinito...

dormência...

daquilo que posso ser, ser livre das circunstancias, conseqüências e reações... sobretudo imaterializar as reações... crio o tempo o espaço e sua deformidade, cenário de areia absolutamente sensível... retorno, repito, choques gritos, instabilidade e crise, movimento vida num caminho não linear... criança, viver arranca pedaços...

ti

...

me compreendes tão mal que me tomou por fetiche... e eu qual fetiche ganhei um vicio...

repito...

domingo, 2 de agosto de 2009

De memórias e cartas do Crowley...

quando me via sentado na calçada um gato

foi o tempo disforme que já me fazia o hoje ser também no passado

e quando digo hoje te vejo, te vejo inteiro com olhos de gato, te vejo olhar pra mim

e ti sem saber é quem faz a curiosidade passada tua, como um flerte do espírito no viver o tempo

como tocar ontem a vontade presente...

e então ti sabia por inspiração, instinto ou ser que era eu que te via do outro lado da calçada um gato e mistério de não saber que sabia

eu que vejo surpreso a mim mesmo presente em outro tempo sendo ao teu lado me sinto sentir que esse ser, instinto, inspiração que me faz sentir ti por perto de mim vem de ti perto de mim

e ti tando distante de mim agora e perto todo o tempo e perto no agora que é o tempo todo... ti pode me sentir? pode sentir meus agradecimentos macios? se sinto teu toque agora em chuvas rosa e incensos...

vivo a ansiedade de um agora fragmentado, a ignorância de ser um fragmento disperso de mim mesmo... não sinto meus sentires por não me sentir todo...

então a vontade de desvendar mistérios e de me desvendar pra ti num ser nu e nu de nudez, que a nudez se veste a si mesma quando se acha nua... nos mistérios mexidos sobe a poeira de um agora todo... do meu tar contigo atemporal... nos nossos mistérios e movimentos sensíveis de chuvas rosa e gatos nevoados... nós que nos sussurramos mutuamente...

domingo, 19 de julho de 2009

Recorte



não esqueça, monsieur, desse frio doce que percorre esse agora... e da desolação azul dos hologramas que emanam um vermelho intenso escorrendo em água... respirar dói monsieur, não se abstenha disso, mesmo que saiba que o vai fazer...

e sobretudo, lembre-se... não porque ela varre as complicações da tua vida ou porque te faz sentir que existe algo que seja felicidade ou amor... lembre-se, monsieur, porque isso faz de ti um mesmo holograma azul emanando vermelho que escorre delicado e molhado... e que há de ser viver se não isso, ou algo disso? e que há de se fazer se não viver? lembre-se, monsieur... mesmo que não se lembre de ti próprio quando o sol se posta em pé... há de ser tu falando a ti mesmo no teu lembrar... e viver ela acima das outras coisas, coisas que tu não vive... viver será... e será doce...

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Bordô

[quarto escuro... porcelana bordô e chá de canela... há cheiro vermelho-canela por toda a parte... uma, cabelos vermelhos, vestido florido e lápis preto... na frente porcelana e mesinha de centro... atrás escuro, a sombra da mesinha faz as pernas e a cadeira onde se senta misturarem com o escuro atrás... a outra a quem fala veste branco e bege... cabelos pretos e curtos... a ti, não vai ver ela... e estará olhando a que fala como se olhasse a teus olhos...]

é como se lançar ao limbo, só músculos e ossos...
enfiado num balão escuro
então faz força pra alcançar a superfície...
e o limbo emana o vago... e frio que é o vago...

envolto em peles... raposas vivas...
macias e cintilantes
e a superfície aquece... é longínqua a superfície...
aqui só músculos e ossos...

máscaras e lápis de cor...
enrubesce o rosto... e então o prazeroso e o alegre...
a pele um ser distinto...

e eu... não sou eu que te toco e falo todos os dias, sim minha pele... macia, pintada os olhos e a boca... e dela se me olha adentro pode ver que só um corpo nú... nú de pele inclusive... cru e frio... não há compaixão em fibras de sangue, cherí, não há empatia... é tudo um nascer sem fim...

domingo, 28 de junho de 2009

Hermes

e das coisas todas, todas nada
e do nada, preenche meus olhos um domingo
seco, o nada, o domingo, os olhos
fico a passear por nihís diversos
e da diversidade as imagens e prismas
e signos e alegorias e malabares
e de todas as faces, todas nada...
o vento rápido e frio e seu cheiro me invadem sem pedir licença
e sem fechar a porta rodopia em minha pele e me fala que vai chover
e a chuva dançando nas luzes dos postes
e a chuva doce...
das coisas todas, todas nada
e no nada, liberto do tempo e tudo
a chuva trás o inverno e faz florescer
eu, fico a passear por nihís diversos
e interno a ele e além e ausente dele
molhado, doce a segurar a primavera

sábado, 13 de junho de 2009

Do lamber o mundo

vontade de pintar a pele
de ser tinta capilarizada em fractais mouros
vontade do corpo sublimar em quadro entelado
e do metabólico se tornar vadio e ser
sobretudo transparecer
surrealidades afins
simpáticos fractais mouros
cheiros de chá
e danar-se a tudo o que é transcendente e imanente e eloqüente e sistematicamente constituído de signos simbólicos relativos a uma possível imagem que se teria, que se gostaria que tivesse, que se seria possível pudesse ter do que seria o ser tal qual é em essência
vontade de pintar a pele e a mente e tudo o mais
e fantasiado de fauno
e mais que isso
e fauno eu próprio

não mais pronunciar nada em vida
e ter a pele como instância suprema do verbo e do ouvido
manchada, subjetivada
evaporando no vento inspirações de dionísios diversos...

sábado, 23 de maio de 2009

Sem título quase rasgado

a cidade em chamas, o fogo dança são fogueiras de junho, vinho, chuva, ruas de pedra, o porto...
bêbado, confusão e fumaça
a música perpassa o sentido
os objetos, seu peso, rodopiam
a eles sou sensível
e a mim mesmo, como estrangeiro andarilho, no espelho olho, indago, sinto, como sentir o vento sendo etéreo...
a cidade em chamas
fogo sussurra melodias
chuva escorre pelas pedras
a música perpassa o sentido
fumaça, cigarro e café
os objetos, seu peso, estáticos
a eles sou sensível
em mim mesmo os cristalizo
e então cinza e então sem calor ou frio
me vejo partir, meu corpo de chumbo
e a mim memso, como fantasma, no espelho olho, em fogo morto, brasa fria...
e se olho o fogo, sem face e se olho o chumbo, sem vida...
...

Estalactites

tempo escorre
meses de chuva, lodo
fica impregnado na parede
ignorado, ele e tudo mais
a realidade em transe
irrealidade banal
escorre o lodo em desenhos de acaso
um mundo, um mendigo, um deus
flores, faunos...
amplamente, coletivamente ignorados
o tempo escorre pelos bueiros
a chuva em pasta viva
se perde na objetividade do concreto
máquinas... o ocupam rotineiramente
eu, nem máquina, nem lodo, nem nada...
que as luzes do metrô me ofusquem a vista...

domingo, 26 de abril de 2009

Cinzas de canela

o sol brilha e seu brilho lacera
eu, enquanto corpo pulsante, me solidifico
eu, enquanto calor pulsante, me intensifico
e então o corpo, mais ferro, cimento
e então o calor, mais diesel e gasolina
pedidos, demandas, fome
imperativos
alimente seu ser ativo, diz
agressivo, dominante
tenha sentido!, diz
militante
milite
...
eu, enquanto ausência indefinida, paraliso
e então a incerteza e o indesejo
de ferrocimentodieselgasolina
e de qualquer outra comida
em choque com o sangue bruto ou sublime
coagula...
consigo ver tudo (quase tudo)
consigo dizer tudo (quase tudo)
pouco ou nada faz sentido...
a ação é bruta
a palavra é bruta
e isso também do parado e silêncio...
recuso... recuso tudo
me projeto o caos
e projeções não existem
e existe
e existo
não posso inexistir
não quero
e o quero
mas não quero, enfim
e que faço, meu amor, me diz?
faço isso
termina o papel
cesso...

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Questões de amor e ódio...

"Pato (http://bolotosco.blogspot.com) diz:
posterioris são pasteis
(nossa! mais uma frase de efeito! devia anotar...)
c diz:
hahahahaahahhaha
anota, anota!
Pato (http://bolotosco.blogspot.com) diz:
rs
colocar em um canto de destaque..."


Obviamente a parte "canto de destaque" foi uma mentira social pro ego do blog em questão...

domingo, 19 de abril de 2009

Stardust II

sinto todos os pedaços que me faltam
em sua presença imaterial, em sua essência
sinto, pedaços me faltam
eu imaterial, névoa...
eu, névoa
dissipo ao movimento violento dos objetos
rodopiam as moléculas bêbadas no ar
eu, objeto
insigne, indistinto, insublime
movimento violento dos objetos
rodopio, moléculas bêbadas no ar...
cintilante, cacos de vidro
hão de retalhar suavemente meu eu indistinto ou perder-se no ar
mas que retalhem, que abram vales e impregnem
e eu, imaterial, objeto
me aproxime dos pedaços que me faltam
e então a flor da pele, nua de epiderme
cheio de gotículas de sangue, azuis
e suje sua pureza imaterial
com o doce dos cacos impregnados
como manchas de amora
como manchas...
lilás

sábado, 21 de março de 2009

Stardust

Fragmentos dispersos...
queria, eu, me esfacelar
montes de pedaços de mim
assim, decerto, desvendados
e então sincero
me perderia na pouca atenção dos dias
e então chegasse, eu, ao estado de grão
pólen
do vento tomaria parte
imperceptível, invisível
na pouca atenção dos dias
e então voar a tantos cantos
e enevoado pousar em cortinas manchadas de luz
então vivo, pólen, fértil
decerto que irias me sentir...
completo, um universo feito em poeira

domingo, 15 de março de 2009

Banalidades sobre o ar

Tem certa coisa curiosa no ar
certo brilho
certo gosto
perfume
inspira e queima
aquece, avermelha
enjilha como papel na chama
então solta, fuligem
e se escuta:
“é tua vida que vai, amigo”...
então no centro
sinto a fuligem densa e ela me torna pesado
e a mim com uma sinceridade inesperada digo:
“não faço questão de tantas vidas assim”...
cretino...

sábado, 14 de fevereiro de 2009

XIII - Buda

Findo...
me anulo...
primeiro a dormência... então o corpo findo
e a derme absorve o concreto do tempo
me exilo do tempo... nulo
e isso como em jogos de vidro...
como a seriedade do vero em bolas de gude
seriedade de permanecer em exílio...
de beber o vero... bolas coloridas
cores...
e a derme, carregada pelo tempo que lhe encharca
não será minha ou eu, será dela mesma
ela mesma e seu jeans...
eu, totalmente nu
mudo assim que for esquecido
...

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Fantasma

Que faço eu dessa recorrente?
essa que não sinto e sei que tá
quiçá...
além do rio
dos barulhos noturnos
torna na subida da maré...
eu, além
um dia morador do rio, um dia corrente
de azul agora verde
não de folha, musgo, lagarta
doença, dengue
e de esperança fez-se poça que não anda...
mãos... objetos de poutergeist...
e do corpo...
coagula e corre lento
formam pedras nos rins
que não sinto e sei que ta
chumbo... entra pela pele e cega
faz-se necessário ao peso do tom
empresta tristeza de ser chumbo
muda as coisas, tira seus sons
não... ...
coisas que não sinto... não-coisas, cor...
hoje é tudo escombro de navio antigo...

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Memórias de Paris

Paris e alguma fumaça
estrangeiro, um amigo ou dois
não falava bem a sua língua (não falo ainda)
tinha olhos de sono...
tínhamos todos uma certa nudez
sentia frio
não lembro mais de muito...
você apareceu por algum motivo
frio, sono, amanhecer
seu francês fazia sentido
te coloquei num papel... dormiu...
capilaridade, silêncio, vento
alguns dias, não foram muitos
fazia frio

sábado, 3 de janeiro de 2009

Pensamentos de pato

Poesia...
que é poesia?
como lhe chamo?
como lhe explico?
como lhe digo?
repito o que não o é
rima não é poesia
(e o é)
medida não é poesia
(e o é)
plástica não é poesia
(e o é)
práxis não é poesia
(e o é)
pessoa não é poesia
(e o é)
anjos não é poesia
(e o é)
amor não é poesia
(e o é)
repito que faz poesia
tempo, prosa, academia, dessaber, filosofia, pele, imagem, linguagem, cachaça, revolver, seca, fome, vomito, bile, galinha, clichê... que faz poesia
Pergunto, meu bem, que é poesia?
poesia é olhar-se a si mesmo nos olhos
mas espelho não é poesia... o é?
nem isso eu sei...

Memória no 1 (ou “Da falta do que fazer”)

Fui de ser criança
fui de ser pagão
a mim mesmo a cantar como deus
cri-me deus, eis-me deus
eis-me deus como galho balançando
eis a fúria inseticida sobre Gomorra
e tornando eterno os botões-de-rosa faraós
ressurrecto o corpo do sétimo dia de cama
em infinita misericórdia da pouca memória
desconhecendo o ser do frio
o ser do não ser
o ser em si...
descobri-me deus e por último ato desfiz-me
(pura vaidade do poder)
quem dera tivesse me feito ovo