quarta-feira, 28 de abril de 2010

terra molhada no quintal

o frio é uma realidade das plantas e dos lagartos
os homens, eles mentem o frio
sobretudo os homens
que mentem tudo
neles é insuportável
não há das plantas e dos lagartos morte de frio
simplesmente cessam
param aos poucos e cessam
qualquer espasmo processo de cessar
dos homens, há de se chegar a verme
ao verme o parasitar a vida
em sua mais solene involução, o fim das solenidades, da morte...
ao verme a verdade, o comer os seus
que cessaram, que lhes dá como presente virar merda, que o único propósito de morrer é mentir a vida...
aos homens a mentira, o sentimento do mais sagrado
aos poetas a verminose, a hipocrisia e a arte...
os homens, eles mentem a merda

sexta-feira, 16 de abril de 2010

som de grilos e máquinas, quinta-feira

das urtigas nasce um sentimento pleno
o desprezo, o desprezível, a praga
a doce praga
nojenta
inocentemente daninha...
das urtigas que não cresçam em nenhum jardim
que não maculem a beleza de tubo-de-ensaio
a beleza construída com toda a coerência possível do capital ou do não-capital
às urtigas o esgoto ou os herbicidas...
a doce praga
inocentemente daninha
o sentimento pleno, desprezível
o ódio é a sua natureza
que cresce pelas paredes se alimentando do sangue dos tijolos...
eu, que não as sei de nada, me aproprio... a poesia é um sentimento hipócrita...
o café um sentimento miserável...