segunda-feira, 7 de março de 2011

figos cortados

o ser se esvai como uma nuvem entre os dedos
e a neve de muito próxima distante atrás do espelho
uma fantasia de vertigem, a vertigem destrói os carros e torna as mentes insustentáveis
não nesses que subjugam a natureza das texturas
aqui a neve se esconde por trás espelhos, e as nuvens se esvaem entre os dedos no reflexo...
o sol causticante como tornado sincero se põe face a face
a sombra se projeta em algum lugar, a sombra se projeta ao infinito e se esvai
tudo se esvai no infinito
o ser se dissipa na esquina
a cor da face perde a casa
e a mente, perdida no que mais não esta, balbucia como num pesadelo, despida do corpo, emitindo a ansia muda que não atinge os músculos
como uma lembrança presente, distante de próxima, atrás das imagens alucinadas
como a presença do que não houve
e do que não se fez
do sol descendo em cores e da brisa como num dia muito familiar
das imagens saltitantes dos furos na cortina
e os sentidos arranhando a pele, num coro de existência, ela, que não pode ser esquecida por força ou vontade
me bate um gosto doce e aquoso, levemente amargo, de felicidade, seja isso um espasmo, de vida viva flutuante, que passa aos meus olhos como uma criança bebada, tão familiar...
e um abater profundo do presenciado em solitute o que é de outro
a consciência do sangue coagulado no peito
do etéreo
e da solitude imutável
como tornar ser as palavras que faltam