Passam as horas
passam lentas e corridas as horas
passam os pássaros
flertes com a noite debaixo da chuva
passam as penas... correm
com fumaça fluida de borracha
que cantam os pássaros na pressa
que cantam, racham, correm
os carros, e morrem em plena madrugada
a espera de uma calma
frenética quebra, cinética dispara
e vaza incondicionalmente fluida
talvez água, ou nada...
Enquanto isso a chuva
se perde em nada a chuva
se perde em olhos, meus e outros
que repicam, suspiram, param
em meio ao trafego intenso
ao trafego intenso de nada em meio
a madrugada, infames números
dígitos, signos... infames...
de relance se olham se param
reparam e dormem...
como contos do Garcia
destinados a eterna gloria úmida
triste... sublime...
de só existirem em sonhos de conto