sábado, 20 de março de 2010

tricô de poncho azul

gravei na minha pele um desenho que era teu
com talho de agulha e ferro quente me marquei de ti
no pulso, entre minhas linhas, acima, pelo braço e pelas mãos
acima, no pescoço, acima, nos dedos
nas pontas dos dedos entrando pelos ossos, entrando pelos nervos
e o ferro que me corre nas veias se formou em pedras na garganta nos olhos e estômago
cuspi e bebi sangue
gravei na parede um desenho que era teu
com pequenas linhas de dedos insone
o mofo e a borra do cinzeiro me fizeram as sombras
na imagem do teu choro que expia e cessa e esquece
na imagem do teu choro o meu a ferro forma pedras
cuspi e bebi a bile nauseada da minha ânsia que corria pelos olhos sem cessar nem esquecimentos
numa expiação que transborda e se mata em brasa fria
pra que não de todo morra e se erga
e se jogue novamente

hoje senti que tu se foi... o pensamento me enlouquece...

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