sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Ascensão à luz

o homem se reduz em sua casa até o ponto em que se domestica
se reduz até encolher numa pequenez as coisas no caber de dizer de seu
reduz a abstração a pequenos objetos
então cessa de viver, por não caber a vida à vida que entalhou delicadamente
o homem em sua natureza é como um lobo... como a abstração de um lobo...
como a abstração de qualquer animal ou coisa
um vaguear em sentidos, se quedar osmótico na estepe, se quedar num perceber absolutamente abstrato de um ciclo de eletrochoques transcendentes as dimensões da vista, na infinitude do que não se cabe a contagem e, por isso, não se faz em extensão inimaginável
o homem domestica a abstração à concretude parametizável
precisam caber como fichas nos seus sulcos entalhados, precisam ser entalhadas, também, as coisas, forjadas em fichas, depositadas como hóstias na boca dos sulcos, rangendo e tintilando, iniciando o mecanismo dos brinquedos, dos refrigerantes
mas o homem em sua natureza é como o lobo, como a explosão shamãnica de adentrar um lobo pelos olhos
incapaz de se conter na pequenez de caber dizer um si
incompreensível à extensão de objetos, de pequenos objetos
incomprimível...

e a exaltação se fez como brilhasse uma luz, e reluziu na insanidade de alguns, dos seus, como divino, o lumiar incandescido de uma face transfigurada em restos, desvencilhada do que aprisionava desde os dedos dos pés e o ventre e agora voa ou talvez apenas finda.

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