como o refluxo do almoço de sábado e a tragédia do domingo... infinitamente como as geladeiras
velhas... como os postes... as sementes do mal... os comedores de folhas......... como as crianças da lavadeira abandonada os porcos voam...
sábado, 19 de novembro de 2011
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
à minha estrela
te agradeço, estrela e não esqueço de ti
estrela negra Nagô
de luz branca que ofusca
me deste tudo que pedi
já não te peço nada
estrela branca Nagô
aqui ponho minh'oferenda
tu que não devia nada nem me pediste nada
em tudo que é nada te pago
estrela negra Nagô
primeira da noite
última da manhã
entre a lua e o sol
que me sela as costas
pouco te miro a face
tão doce e prestativa
me deste a lenha do fogo vivo
que agora é cinza
e te ofereço a cinza
como tudo que tenho
como eu mesmo sou cinza
estrela branca Nagô
de cordel lumiante
entrelaçada em fio de sangue
sou do mesmo teu sangue?
já não sei se te ouço mais
então sou como ti, estrela sozinha
e nos veremos no infinito
assim que me apague
o tempo é uma vaidade breve
estrela negra Nagô
de luz branca que ofusca
me deste tudo que pedi
já não te peço nada
estrela branca Nagô
aqui ponho minh'oferenda
tu que não devia nada nem me pediste nada
em tudo que é nada te pago
estrela negra Nagô
primeira da noite
última da manhã
entre a lua e o sol
que me sela as costas
pouco te miro a face
tão doce e prestativa
me deste a lenha do fogo vivo
que agora é cinza
e te ofereço a cinza
como tudo que tenho
como eu mesmo sou cinza
estrela branca Nagô
de cordel lumiante
entrelaçada em fio de sangue
sou do mesmo teu sangue?
já não sei se te ouço mais
então sou como ti, estrela sozinha
e nos veremos no infinito
assim que me apague
o tempo é uma vaidade breve
domingo, 17 de abril de 2011
Fins...
Hoje resolvo não seguir a diante com este espaço. Sinto um tanto como a perder um objeto de estima, alguma coisa que já tenha se erguido a estado de ente lúcido. Sinto um tanto, também, pelo fato de que, não existindo mais aqui esse lugar, minhas motivações para tomar nota de letras e sentidos mingua. Creio que justo este estado de coisa intima minha, elevada a ente animado externo a mim, que me trazia certo conforto e vontade em colocar letras aqui. Acho justo, então, deixar esta carta, ou oferenda, como se presta homenagens ao solo ou à água ou a um pedaço de coisa elevada a ser. Como Stalker ao entrar na zona, reconfortado pelo cheiro à erva fresca. Resolvo não seguir, tanto porque não sendo concreta a natureza desse espaço a sua concretude faz pouco sentido, quanto não sendo concreta a minha natureza é frágil o sentido de se ter esse espaço concreto de manifestações de mim... e dessa fragilidade o sentido se erodiu até o estado de película extremamente fina de a pouco, quando por fim deixou de ser. Deixo esta carta, também, como um devaneio e um ultimo escrito aos que não me conhecem, que imagino não haja nenhum. Aos que me conhecem só uma frase ou duas sejam de importância. Este cheiro a erva fresca vai continuar a existir em mim e além de mim, visto que não é uma manifestação minha, então o ente que habita este espaço não estará findo, e encontro ele como parte de mim e parte além de mim em algum lugar desabitado. Deixo este espaço no momento que lhe tenho mais apreço e distanciamento.
Durante o tempo livre das próximas semanas dedicarei algum tempo a arquivar os escritos daqui procurar os botões de finda-lo ou guarda-lo definitivamente. Penso, também, em manuscrever a maior parte das coisas, que me agradam manuscritos, apesar de não fazer muita noção do que faria com eles. Creio junto com isto esvaece, também, o pato e os tons azuis...
A ti... um aceno na praia... inaudivel... fellini...
Durante o tempo livre das próximas semanas dedicarei algum tempo a arquivar os escritos daqui procurar os botões de finda-lo ou guarda-lo definitivamente. Penso, também, em manuscrever a maior parte das coisas, que me agradam manuscritos, apesar de não fazer muita noção do que faria com eles. Creio junto com isto esvaece, também, o pato e os tons azuis...
A ti... um aceno na praia... inaudivel... fellini...
quarta-feira, 13 de abril de 2011
bem-te-vís entardecidos
e como o próprio tempo a infância perdura
numa reanimação constante da foto languida do morto
como a pequena a temer o frio de sua palidez
o eu de infância vagueia em soliture no limbo abobadado de minhas costelas
e enquanto realizo mecânicamente o nada mediado e envolto em movimentos corpóreos
sinto a ânsia de saber do ente querido, como a pequena a temer o frio de sua palidez, que existe em solitude dentro de mim
e o saber que o ignoro, que minhas costelas são parte integra do nada mediado e envolto nos movimentos injustificados que contém o seu limbo
e ele, que já foi a mim a minha superfície, que possuia o estranhamento e a incompreensão... ele não médiado... ele me falou, a mim e a si mesmo, me disse da infelicidade anunciada no canto dos bem-te-vís e no mormaço doce da tarde em frente às flores de jambo...
antes de minha existência, ele que me era antes de mim, me contou das suas divinações de quando ainda não podia ter noção do que eram seus olhos, me fez ser ele depois dele
e pouco a pouco seu viver tornou limbo e meu viver ergueu-se em nada
todas as contradições ocorrem entre o nada e o viver
todas as contradições são a renimação languida da infância
dos pequenos animais não mediados
da percepção contínua da ventura e desventura que se tem em infância
a vida é divinada no parto em completude
e na morte em retrospecto
enquanto o sol era um ente gigante, o reflexo a cobre daquela pequena me bastava a tê-la e sê-la e fundir-me num idílio de sentidos...
numa reanimação constante da foto languida do morto
como a pequena a temer o frio de sua palidez
o eu de infância vagueia em soliture no limbo abobadado de minhas costelas
e enquanto realizo mecânicamente o nada mediado e envolto em movimentos corpóreos
sinto a ânsia de saber do ente querido, como a pequena a temer o frio de sua palidez, que existe em solitude dentro de mim
e o saber que o ignoro, que minhas costelas são parte integra do nada mediado e envolto nos movimentos injustificados que contém o seu limbo
e ele, que já foi a mim a minha superfície, que possuia o estranhamento e a incompreensão... ele não médiado... ele me falou, a mim e a si mesmo, me disse da infelicidade anunciada no canto dos bem-te-vís e no mormaço doce da tarde em frente às flores de jambo...
antes de minha existência, ele que me era antes de mim, me contou das suas divinações de quando ainda não podia ter noção do que eram seus olhos, me fez ser ele depois dele
e pouco a pouco seu viver tornou limbo e meu viver ergueu-se em nada
todas as contradições ocorrem entre o nada e o viver
todas as contradições são a renimação languida da infância
dos pequenos animais não mediados
da percepção contínua da ventura e desventura que se tem em infância
a vida é divinada no parto em completude
e na morte em retrospecto
enquanto o sol era um ente gigante, o reflexo a cobre daquela pequena me bastava a tê-la e sê-la e fundir-me num idílio de sentidos...
domingo, 13 de março de 2011
segunda-feira, 7 de março de 2011
figos cortados
o ser se esvai como uma nuvem entre os dedos
e a neve de muito próxima distante atrás do espelho
uma fantasia de vertigem, a vertigem destrói os carros e torna as mentes insustentáveis
não nesses que subjugam a natureza das texturas
aqui a neve se esconde por trás espelhos, e as nuvens se esvaem entre os dedos no reflexo...
o sol causticante como tornado sincero se põe face a face
a sombra se projeta em algum lugar, a sombra se projeta ao infinito e se esvai
tudo se esvai no infinito
o ser se dissipa na esquina
a cor da face perde a casa
e a mente, perdida no que mais não esta, balbucia como num pesadelo, despida do corpo, emitindo a ansia muda que não atinge os músculos
como uma lembrança presente, distante de próxima, atrás das imagens alucinadas
como a presença do que não houve
e do que não se fez
do sol descendo em cores e da brisa como num dia muito familiar
das imagens saltitantes dos furos na cortina
e os sentidos arranhando a pele, num coro de existência, ela, que não pode ser esquecida por força ou vontade
me bate um gosto doce e aquoso, levemente amargo, de felicidade, seja isso um espasmo, de vida viva flutuante, que passa aos meus olhos como uma criança bebada, tão familiar...
e um abater profundo do presenciado em solitute o que é de outro
a consciência do sangue coagulado no peito
do etéreo
e da solitude imutável
como tornar ser as palavras que faltam
e a neve de muito próxima distante atrás do espelho
uma fantasia de vertigem, a vertigem destrói os carros e torna as mentes insustentáveis
não nesses que subjugam a natureza das texturas
aqui a neve se esconde por trás espelhos, e as nuvens se esvaem entre os dedos no reflexo...
o sol causticante como tornado sincero se põe face a face
a sombra se projeta em algum lugar, a sombra se projeta ao infinito e se esvai
tudo se esvai no infinito
o ser se dissipa na esquina
a cor da face perde a casa
e a mente, perdida no que mais não esta, balbucia como num pesadelo, despida do corpo, emitindo a ansia muda que não atinge os músculos
como uma lembrança presente, distante de próxima, atrás das imagens alucinadas
como a presença do que não houve
e do que não se fez
do sol descendo em cores e da brisa como num dia muito familiar
das imagens saltitantes dos furos na cortina
e os sentidos arranhando a pele, num coro de existência, ela, que não pode ser esquecida por força ou vontade
me bate um gosto doce e aquoso, levemente amargo, de felicidade, seja isso um espasmo, de vida viva flutuante, que passa aos meus olhos como uma criança bebada, tão familiar...
e um abater profundo do presenciado em solitute o que é de outro
a consciência do sangue coagulado no peito
do etéreo
e da solitude imutável
como tornar ser as palavras que faltam
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Bárbaro
Anteriormente rejeitado, morto de abandono em plena juventude, exumado a fins de lhe dar uma migalha, como uma medalha a um morto por ter morrido ou a um aleijado por ter perdido a perna. Originalmente, integrante de "Crônicas do Asilo", e não havia mesmo mais nada que pudesse integrar. Quem sabe não volta?
serei foto
lumiado como imagem terei força, serei bárbaro
não-ingerido, não-degradado, não-expelido,
te mostre aos olhos, te fale aos ouvidos
ultrapasse os efeitos sonoros e fogos...
atinja tua mente...
um dialogo, seu inicio.
o principio do contato do teu anima com o meu...
aquilo que nos dá vida
talvez hoje não gostes mais do circo,
talvez hoje te encante o por do sol...
e quando enfim de tua mente fluírem diálogos,
serás bárbaro,
estrangeiro em uma terra de mensageiros mudos e espectadores adormecidos...
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