quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Cassandra

Seria essa a maldição
Prever o que não mudará
Viver a morte futura
Levando vermes na sombra
nos pés talham o encontro
Furos, dutos, vasos
Canais hemorrágicos
Memória das chamas
Da cidade dos cavalos

Seria, foi, é
Nascida Cassandra
Das árvores que lhe comeram as cinzas
Dos homens que lhe comeram os frutos
Fecunda no ventre dos bárbaros
Novos descendentes da cidade dos cavalos
Com a memória das chamas
Com os olhos miseráveis
Com os vermes que talham na carne
Um caminho que não mudará

Viva e morta, Cassandra

em 02/08/08

(Sinceros agradecimentos a Mayra Meira por ter me ajudado a obter um acaso fundamental, não pra escrever... mas pra me lembrar em boa hora)

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