de um devaneio noturno o teto desaba em chuva
algum ser que me povoa aflora em pequenas erupções
“pelos chifres deve ser um fauno”, diz algum ser
silêncio... digo àlgum ser, em pequenas erupções
“começa cheirar a musgo”, diz algum ser
me viro... digo àlgum ser, tomando atenção ao cheiro da sala
o teto desaba em chuva, um devaneio toca os pingos em melodias fantásticas
é noite do meu amor... assim como foi o dia e será de madrugada
é noite da estrela que me levou, lhe ofereço meu sangue frio e meu corpo inerte
“ele chegou, anda quase cego”, diz algum ser, como uma mácula às minhas costas
vejo sua face e as lagartas que lhe comem o tronco dependuradas em casulos
os pingos tocam os fios de seda em acordes azuis, a cor da sala se dissolve no chão
vejo sua face e o que ela me revela, em pequenas erupções
é noite, uma renda vermelha presa a liga, meu gozo escorre misturado a sons doces em coxas brancas, insípido... some
me viro, tomando atenção ao cheiro da sala, um gato que vomita as cadeiras da mesa de jantar
meu corpo inala um gosto podre e azedo
silêncio... e os olhos vermelhos de insônia, quase cegos, não me reconheço
enquanto a chuva ascende à cal do teto
cristalizando em manchas de mofo
velhas... como os postes... as sementes do mal... os comedores de folhas......... como as crianças da lavadeira abandonada os porcos voam...
terça-feira, 17 de agosto de 2010
sábado, 14 de agosto de 2010
amaro
olho no espelho e vejo meus olhos
e em meus olhos é a morte que vejo
olhei a árvore na rua, na praça
uma imagem turva de mangueira
uma imagem nua de crueza enevoada
é a vida das árvores e dos gatos
ela exala à noite, de madrugada
aqui tudo derrete com o tempo de madrugada
a suculenta nasce discretamente e as imagens morrem
as flores anunciam o fim do ano das castanhas
o óleo de queimar a pele, de por nódoas nos dedos
de manchar de árvore
se é preciso ser árvore pra se ser um gato enevoado
e a vida de madrugada que molha o chão
e qualquer coisa que for água é imagem
olhei nos teus olhos e vi o sol atrás de ti no espelho
e demasiada luz a produzir imagens
falaram de um homem que queimava castanhas
o fogo incendiou seu corpo enodoado
chorou como um cajueiro
um sagüi o tirou da estrada assim que esteve frio
como fosse um coquinho
e em meus olhos é a morte que vejo
olhei a árvore na rua, na praça
uma imagem turva de mangueira
uma imagem nua de crueza enevoada
é a vida das árvores e dos gatos
ela exala à noite, de madrugada
aqui tudo derrete com o tempo de madrugada
a suculenta nasce discretamente e as imagens morrem
as flores anunciam o fim do ano das castanhas
o óleo de queimar a pele, de por nódoas nos dedos
de manchar de árvore
se é preciso ser árvore pra se ser um gato enevoado
e a vida de madrugada que molha o chão
e qualquer coisa que for água é imagem
olhei nos teus olhos e vi o sol atrás de ti no espelho
e demasiada luz a produzir imagens
falaram de um homem que queimava castanhas
o fogo incendiou seu corpo enodoado
chorou como um cajueiro
um sagüi o tirou da estrada assim que esteve frio
como fosse um coquinho
Assinar:
Postagens (Atom)