sábado, 14 de agosto de 2010

amaro

olho no espelho e vejo meus olhos
e em meus olhos é a morte que vejo
olhei a árvore na rua, na praça
uma imagem turva de mangueira
uma imagem nua de crueza enevoada
é a vida das árvores e dos gatos
ela exala à noite, de madrugada
aqui tudo derrete com o tempo de madrugada
a suculenta nasce discretamente e as imagens morrem
as flores anunciam o fim do ano das castanhas
o óleo de queimar a pele, de por nódoas nos dedos
de manchar de árvore
se é preciso ser árvore pra se ser um gato enevoado
e a vida de madrugada que molha o chão
e qualquer coisa que for água é imagem
olhei nos teus olhos e vi o sol atrás de ti no espelho
e demasiada luz a produzir imagens
falaram de um homem que queimava castanhas
o fogo incendiou seu corpo enodoado
chorou como um cajueiro
um sagüi o tirou da estrada assim que esteve frio
como fosse um coquinho

Nenhum comentário: