e como o próprio tempo a infância perdura
numa reanimação constante da foto languida do morto
como a pequena a temer o frio de sua palidez
o eu de infância vagueia em soliture no limbo abobadado de minhas costelas
e enquanto realizo mecânicamente o nada mediado e envolto em movimentos corpóreos
sinto a ânsia de saber do ente querido, como a pequena a temer o frio de sua palidez, que existe em solitude dentro de mim
e o saber que o ignoro, que minhas costelas são parte integra do nada mediado e envolto nos movimentos injustificados que contém o seu limbo
e ele, que já foi a mim a minha superfície, que possuia o estranhamento e a incompreensão... ele não médiado... ele me falou, a mim e a si mesmo, me disse da infelicidade anunciada no canto dos bem-te-vís e no mormaço doce da tarde em frente às flores de jambo...
antes de minha existência, ele que me era antes de mim, me contou das suas divinações de quando ainda não podia ter noção do que eram seus olhos, me fez ser ele depois dele
e pouco a pouco seu viver tornou limbo e meu viver ergueu-se em nada
todas as contradições ocorrem entre o nada e o viver
todas as contradições são a renimação languida da infância
dos pequenos animais não mediados
da percepção contínua da ventura e desventura que se tem em infância
a vida é divinada no parto em completude
e na morte em retrospecto
enquanto o sol era um ente gigante, o reflexo a cobre daquela pequena me bastava a tê-la e sê-la e fundir-me num idílio de sentidos...
Um comentário:
belo texto;
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