sábado, 31 de março de 2007

Silêncio...




Palavras tentam expressar e até mesmo definir muitos sentimentos e pensamentos, e portanto impregna em si grande valor semântico.
Dizem que palavras machucam mais do que uma ação física contra o corpo. Acredito, porém jamais palavras cnseguirão expressar um sentimento contido num olhar, num gesto e até mesmo o próprio sentimento.
Dizer que ama uma pessoa não é nem metade do que se sente por ela. Esse sentimento expresso não apenas por palavras, mas também por atitudes vai além de qualquer coisa, e principalmente o calar - Silêncio! -. Amar implica doar-se, abrir mão do egoísmo próprio da criatura humana, compartilhar e acima de tudo compreender e confiar.
Em tudo na vida o que achamos que resta é falar, escrever uma carta, mandar um telegrama, seja para o que for, para pedir desculpas, descrever sentimentos, demitir alguém. Ou seja, palavras e mais palavras, não excluo a necessidade de comunicação, só sei que o que mais importa na verdade é esquecido ou deixado de lado. Para que falar num momento que basta sentir?
Já usei palavras demais para tentar mostrar que palavras, ao menos para mim, já não são mais suficientes...

sábado, 24 de março de 2007

O homem que se perdeu numa xícara

Era fim de tarde, quase noite, quando começou a perceber... havia pedido um café expresso... seus amigos entravam por rumos desconexos de conversas, do condor da musica iam à ditadura no Chile e terminavam no futebol argentino. Ele olhava o movimento da cidade pela varanda do prédio... um dia comum... todas aquelas pessoas... nunca havia se dado conta delas... no seu dia-a-dia eram invisíveis... já tinha decorado o movimento automático da cidade... desviava de alguém que mexia no celular, parava no sinal esperando que fechasse o transito, escolhia uma das tantas rotas que se pode tomar no centro pra ir a alguma parte... tudo isso sem se perceber... sem se lembrar de nenhum daqueles rostos e panfletos que acumulava uma caminhada na cidade... e também agora, enquanto olhava o movimento da cidade, não percebia a figura humana ali... tudo o que podia ver era o fluxo de pequenos objetos ambulantes em meio ao vale que eram as ruas... aquelas pequenas coisinhas quando vistas da varanda, naquele movimento coletivo, se comportavam como água... e ele também era uma delas... em outros momentos do dia...

Seus amigos falavam agora dos povos nativos e o cacau... chamava-lhe a atenção isso... cacau... esse pequeno acaso dessas conversas caóticas tão comuns o tirou do transe hipnótico do vai-e-vem da cidade e o colocou num mais profundo: o das lembranças... lembrou de um sonho recorrente que tivera no passado... não sabia bem quando mas o havia sonhado há muito tempo... via-se como um caboclo sentado embaixo de um pe de cacau num fim de tarde... tinha nas mãos o miolo de uma fruta de cacau e do seu lado uma foice (própria daqueles que colhem o cacau)... isso era tudo o que se lembrava quando acordava... visitava-lhe esse sonho sempre que se esquecia dele... ate que um dia esqueceu simplesmente.... Sempre havia visto isso com um ar de nevoa... no sonho se via de fora do corpo... como se observasse a si mesmo... mas agora lhe viera essa imagem como lembrança... ele, mesmo que em sonho, era um caboclo colhedor de cacau.... pensou sobre restante de suas lembranças... não só o passado, mas tudo o que podia entender como sua vida tinha um ar de nevoa.... Percebia agora que sua vida sempre lhe pareceu um sonho... que sempre teve esse mesmo ar... percebia isso porque lhe parecia concreta essa lembrança que acabava de resgatar... sentia pela primeira vez o peso de nunca ter tido uma vida real...

Olhou para o seu reflexo no conteúdo da xícara... sentia-se estranho... sentia como se aquela imagem que estava ali, olhando com estranhamento em sua direção, não fosse só imagem... aproximou-se... viu o abismo das bordas escuras... sentiu uma vontade imensa de pular... pulou... jogou-se dentro do limbo de café... quando percebeu havia se perdido em meio aquele liquido negro.... Nunca mais foi encontrado... tomou conta de seu corpo outro homem... que não bebeu mais nenhuma xícara de café em vida...

sábado, 3 de março de 2007

Seis... e cores...

"Pato diz:
sabe... eu tava perdidinho olhando pra cor da tua letra...
Pato diz:
eu gosto desse vermelho...
Dra diz:
e lindo, ne?
Pato diz:
eh
Dra diz:
meu cabelo ta..."parecido" de leve
Pato diz:
eh um vermelho meio triste...
Dra diz:
nao acho
Pato diz:
mas como eh uma cor de computador fica uma sensação meio que perfeita, uniformizada...
Dra diz:
ele so nao e exibido...hahaha
Pato diz:
eh sim... n eh um vermelho vivo, exitante...
Pato diz:
eh um vermelho escuro... de sangue... monotono um poco...
Pato diz:
poquinho triste só... n chega a ser muito...
Dra diz:
ah, sei la...acho ele gostoso
Pato diz:
tem cara de folha de outono umida no chão...
Pato diz:
gostoso como?
Dra diz:
ah..talvez melancolico, entao
Dra diz:
nao necessariamente triste
Pato diz:
eh
Pato diz:
isso...
Dra diz:
aconchegante
Pato diz:
encorpado...
Dra diz:
hahahaahah
Pato diz:
o vermelho vivo eh muito leve... esvaece...
Dra diz:
e cansativo
Pato diz:
so as vezes...
Pato diz:
(so as vezes ele não cansa pra dizer a verdade... rs.)
Pato diz:
vermelho vivo eh muito infantil...
Pato diz:
eh legal as vezes... eh leve...
Dra diz:
hahaha
Dra diz:
hun...viajando nas analogias
Pato diz:
inevitavelmente eu tava pensando em menina... rs...
Pato diz:
(em nenhuma especificamente... mas ainda assim... formas femininas)
Dra diz:
tb
Dra diz:
bizarro
Dra diz:
eu pensei em cores como mulheres
Pato diz:
ah... qdo eu desenho eu faço altas analogias a forma feminina...
Dra diz:
ai, ai...
Pato diz:
eu pensei nas variações de vermelho como as variações da personalidade...
Dra diz:
sim
Dra diz:
mas algo como...o vermelho vivo e muito mais atraente...mas por pouco tempo...hahah
Pato diz:
me explica o teu "ai, ai..."? gostei dele...
Dra diz:
nao sei...e meio poeta, vc
Pato diz:
o vermelho vivo eh vivo... rs... da vontade de pular
Pato diz:
eh que eu so meio teatral...
Pato diz:
to ate poco hj... rs... eu costumo ser bem mais...
Dra diz:
eu sei...ta mais sensivel
Dra diz:
vc e um canalha fofo...hahha
Pato diz:
rsrs...
Pato diz:
c eh a segunda menina que concorda que eu so um cafajeste... rs...
Dra diz:
mas e
Dra diz:
haahhahaha....que meninas lerdas...haah
Dra diz:
vc e...mas e um fofo
Pato diz:
(eh que eu n saio dando em cima de cada uma que nem um cafajeste mesmo)

^^... eu... gosto de poesia... eh meu jeito de viver em sonho...
Pato diz:
ver as coisas de forma poetica... eu n consigo viver sem sonho... eh muito duro...
Dra diz:
nao via
Dra diz:
viva
Dra diz:
da vontade de cuidar de ti...
Pato diz:
^^
Pato diz:
deve ser um dos motivos que me torna um cafajeste... rsrs...
Dra diz:
pode ser
Dra diz:
mas eu te adoro mesmo asssim
Pato diz:
posso botar essa conversa do vermelho no blog?
Dra diz:
pode sim
Pato diz:
^^
ta bom... vo mudar so o teu nick... pra n ficar o teu mail..."

a conversa fala por si só...