sexta-feira, 25 de junho de 2010

de uma máquina, uma pedra e poças d’água

corta as laranjas com a faca que apontou grafite
pequenos diamantes, pequenos brilhos
calor de sol, não, frio
borra de café
corta os dedos com a faca que apontou grafite
perfume, velas acesas
calor de sol, não, café, não, cristais de areia
risca as paredes com a faca que cortou grafite, não
os dedos, não, o sol, risca o sol com pequenos brilhos frios, não
mortos, como borra de café, não, risca as veias com grafite, não, que a faca cortou,
os nós, a ressaca, não, foram comprimidos, violentados na parede, na superfície, na película de sua língua, dois pardais que haviam se formado da imbecilidade da idéia e lhe pousaram na face, escorrendo como lagrimas de um cuspe do Rosellini...
a criatura encaracolada, erótica, exalante, absolutamente ausente... que lhe cheirava a sexo como um anjo que comesse pão preto... que lhe molhava orgástica a excitação... só trazia o pensamento dos prédios, do que não existe, impotência em lamber sem comos...
ascendia 15 andares, dava mais um salto, ao paraíso nada que valesse mais a pena que seu cigarro, caía como uma pedra, uma fruta ou merda de pássaro
não
cortava laranjas com a faca que apontou grafite, riscava os gomos com resto de borra, sentia como cropófago comendo merda, sujeira, mas era só um idiota. se excitava com o cheiro dos entes encaracolados, molhados, brilhantes, que desfilavam no calor do sol...
não

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