terça-feira, 29 de junho de 2010

amarrei o cachecol apertado no pescoço... contundia a minha pele, gritava algo audível, rouco, tudo é afônico quando se tem espasmos... não percebi que me matava... não queria que me matasse... mas era tudo afônico... tomei cuidado para não deixar restos que viessem a apodrecer... tudo deve se decompor em pequenos grãos, sem apodrecer, sem gritar, afônico, contundido... aquele outro se aproveita da minha fraqueza, da minha miséria... aquele outro... me emputece... escolheu me irritar, me debati, dei-lhe socos... choques que quebram o silêncio aos poucos... escolheu algo macio... e me matei com o cachecol... deixando o sangue fluir... e me impedir de me decompor... em pequenos grãos... como todas as outras vezes...
só a enxaqueca me lembra de meus atos... ela passa, eu passo, tudo se vai a dormir... aquele outro, só me deixa ser dormindo... durmo... me esqueço... faz frio, não sinto meus dedos... teatro... não vão me ver porque durmo... que se fodam...
ele sabe que o sono vai me imergir no meu amor...

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