segunda-feira, 15 de outubro de 2007

VI – O Juiz

Sim, é fato. Chutei a pedra sem motivo... mas porque não o faria? Estava ali parada, mudei-a de lugar com um solavanco do meu pé. “Ora, pois não devia chutar coisas por aí... imagine só se todos achassem de mudar as coisas de lugar sem ter um ‘pra quê’?” me dizes. E cá eu retruco: não me desse motivo pra deixá-la estática, apresento aqui o meu argumento, fiz por vontade. Temos então um embate, te dou uma razão arbitrária e me apresentas uma conduta sem lógica. “Mas claro que há uma lógica, se todos começássemos a solavancar seixos por aí seria um caos, teríamos as ruas todas cheias de pedregulhos”. E as ruas já não são cheias disso meu bem? Se não houvessem pedras nas ruas não haveria o que chutar... devo então deixar de minhas arbitrariedades pra preservar a ordem de ruas pedregosas que funcionam bem na sua pedregosidade diária? Não creio... construíram as ruas por pura vontade... e com isso atrapalharam a ordem dos formigueiros que haviam por lá, por exemplo. Não seria justo se eu não pudesse atrapalhar a ordem da rua com uma pequena pedra.

Mas vá... vá que já está tarde. E não quero, eu, atrapalhar a educação de suas condutas com pensamentos sobre coisas pequenas como pedras. Imagine só se todos parássemos pra divagar sem limites... seria uma falta de ordem não é verdade?

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