sexta-feira, 26 de outubro de 2007

VII - Inerte (ou A semente)

Hei de ser semente
fui árvore, fruto
agora morto me calo
e ao chão viro parte
e não há sangue,
seiva pra que estanque
pra que manche
aglutine na areia
pra que corra na veia
dormente, se ainda as tenho.
Durmo, dorme o mundo
percebo a mim não percebendo
o mundo
transcendo, espóro
sou agora, imaginário e vejo
de lá, imaginário
olho-me seco a ver-me
no espelho, ver-me
seco
E volto a mim mesmo
de onde não saio por estar
sedado de falta
de sangue, seiva, pra que
estanque, corra, ande
na veia de árvore, mas
sou semente, latente
e esqueço, na verdade
nem penso, no espelho
só penso acima de além
do espelho
canto onde não estou
semente, latente, inerte
imaginar apenas não é estar (ou é)
e se não é como pensar?
se sementes se pensa
em cantos onde não estão.

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